OS DEUSES
BRAHMA
Brahma, a energia criadora do Inominável. É o deus
todo impregnado da Divina Essência de onde tudo flui e para onde tudo retorna.
Essa essência, embora seja invisível, está presente em todas as coisas. Depois
de algum tempo, várias lendas surgiram sobre o nascimento de Brahma como um
deus personificado. A mais conhecida delas narra que Brahma, enquanto energia
sem forma, criou as águas e nela deixou cair um ovo de ouro, chamado
Hiranyagarba. Esse ovo de ouro continha a potencialidade de todas as formas da
matéria diferenciada e é a origem da vida e da natureza, e de tudo que existe.
A cosmologia hinduísta se baseia no chamado "Dias de Vida de
Brahma". Quando ele desperta de seu sono cósmico e abre os olhos, o
universo é criado. A noite de Brahma é a retração do universo. Um dia de Brahma
é chamado Kalpa e dura 4.320.000 anos solares. Um ano cósmico equivale a 360
desse dias e dessas noites. A vida completa de Brahma atinge 100 desses anos...
VISHNU
Uma das escrituras sagradas do hinduísmo, o Padma
Purana diz que o Ser Supremo desejou manifestar-se e criar o universo e os
mundos. Para tal em primeiro lugar, criou a si mesmo, na forma de Brahma, a
partir do seu lado esquerdo. A seguir criou Vishnu de seu lado direito. Como
havia criado, sentiu a necessidade de preservar sua criação, e para a evolução
de Sua obra, do centro do seu corpo fez brotar Shiwa, o poder responsável
pela transformação e renovação constante de tudo que existe.
Sua vontade de preservar a criação se manifestou
com Vishnu Narayana. O deus Vishnu Narayana surgiu deitado nos anéis do corpo
da serpente Sesha e sonha, e assim preserva a existência navegando pelo oceano
cósmico. O sonho de Vishnu é toda a criação; enquanto sonha, do seu umbigo
surge o caule de uma flor de lótus, Quando a flor se abre, Brahma senta-se no
centro dela para viver seu “kalpa”, o Dia de Brahma. Após esse período, termina
o sonho de Vishnu, a flor de lótus se fecha e o universo se dissolve no vazio.
A flor desaparece para aparecer no próximo sonho de Vishnu e assim
sucessivamente.
Vishnu é representado com pele azul escuro. Possui
quatro braços e mãos. Veste-se com uma calça de seda da cor amarelo ouro e traz
o dorso nu adornado por jóias. Na cabeça carrega uma coroa ricamente cravejada
de pedras preciosas. Carrega em suas mãos uma borduna de ouro, o chakra (roda),
um grande búzio e uma flor de lótus. A borduna simboliza a luta pela vida, o
chakra a energia que tudo permeia e movimenta, o búzio, representa o som
primordial que gera as formas da natureza, e a flor de lótus representa a
espiritualidade. No plano superior Vaikunta é a morada, o domínio particular de
Vishnu. Como o Senhor de Vaikunta ele é chamado Vaikuntanatta, e é representado
com quatro cabeças e oito braços, e simboliza a integração das polaridades, a
inteireza. Os avatares são aspectos do deus Vishnu. Esses seres são raios
divinos que assumem forma humana e são considerados encarnações terrenas de
Vishnu. Muitos templos são dedicados a Vishnu e estão espalhados por toda a
Índia.
SHIVA
Shiva significa o bondoso e todo auspicioso. Nas ruínas de Mohenjo-Dharo e Harapa cidades localizadas no vale do rio Indo foram encontradas imagens de 3000 anos representativas daquele que veio a ser Shiva, o Senhor dos Três Mundos. Nas esculturas e relevos encontrados ele tem três cabeças, está sentado na posição de iogue, e tem ao seu redor vários animais. Durante mais de 30 anos Shiva vem sendo adorado e várias narrativas purânicas o enaltecem sob diferentes aspectos. Esse deus provavelmente é o precursor de Shiva.
Os arianos védicos não têm Shiva em seu panteão de
deuses, mas Rudra, um deus védico foi assimilado no hinduísmo moderno como um
aspecto violento de Shiva. O deus enquanto Rudra é o Senhor das Tempestades, do
desencadeamento incontrolável das forças naturais, e é temido pelos outros
deuses e visto como o aspecto irado de Shiva. O deus apresenta um aspecto
benevolente e um aspecto violento. No Ramayana e no Mahabharata, duas epopéias
sagradas do hinduísmo, o deus é o todo poderoso Senhor dos Himalayas e
Pashupathi o Senhor da Natureza que tem nas mãos o Trishula, a arma mais
poderosa do mundo. Essa arma é um tridente que representa os três mundos,
físico, astral e causal assim como os três gunas, qualidades inerentes a tudo
que existe: Tamas, inércia, Rajas movimento, Satwa, essência pura.
O símbolo de Shiva é o Linga, ou Lingam, que
significa falo. O portador do mistério do principio criador que dá vida a novos
seres e que contém potencialmente toda a herança divina e a memória genética
das espécies. No Shiva Purana, Vidyeshvara Samhita, está escrito: “Shiva disse:
Não sou diferente do falo. O falo é idêntico a mim. Ele aproxima de mim os
fiéis, portanto é preciso venerá-lo. Meus bem amados! Onde há um linga, estou
presente.”
A união de Shiva-Shakti é representada pelo Linga
depositado na “argüia”, o seu receptáculo. A união do Lingan e da Ione é a
integração das polaridades masculina e feminina, o universo e a natureza
em eterna conjunção amorosa. Segundo as escrituras sagradas existem lingans
exteriores e interiores e imateriais, não perceptíveis, porém reconhecíveis por
aqueles que atingiram o conhecimento superior. As vezes o lingan é representado
como um obelisco, um pilar erguido no pátio dos templos dedicados ao deus.
Shiva é adorado por milhões de devotos em inúmeros templos espalhados por todo
o território indiano.
ASPECTOS DE
SHIVA
Nataraja (O Senhor da Dança) – Como Nataraja o deus
executa sua dança cósmica denominada Tandava e assim destrói e recria universos
e mundos. Trás em uma das mãos o tambor Damaru que tem a força de uma
ampulheta, simbolizando a criação do espaço tempo, e quando o deus bate o
tambor o OM ressoa em todos os quadrantes do universo criado. Na mão superior
do lado direito ele carrega o fogo da transformação e transmutação e a mão do
braço inferior aponta para o joelho erguido enquanto ele se equilibra num pé só
e dança. Ele reprenta a possibilidade do êxtase da superação dos limites do
intelecto, para o contato com o divino para receber mensagens de sabedoria.
Como Lalatatilakam, ele tem oito ou dezesseis braços. E tem um dos pés sobre o
anão Apasmar, que simpboliza o eu inferior, enquanto o outro se ergue no alto.
Pashupati – O Senhor dos Animais – O rebanho de
Shiva-Rudra compreende todos os seres vivos, inclusive a humanidade. Entre
animais deuses e humanos a diferença está nos papéis que representam e no nível
de consciência. Como Pashupati, Shiva vela pela natureza, pelos animais e pelos
homens. Para tem criou os gênios das florestas, os gnomos, as sílfides,
sátiros, ninfas e devas (anjos). Pashupati chefia esses gênios e se manifesta
através deles no mundo natural. O deus tem como função ensinar aos homens qual
o seu verdadeiro lugar e qual o seu papel na natureza. Ele ensina que os seres
humanos são mais um dentre os elementos de uma totalidade, e que essa
totalidade é a obra de Deus.
Ardhanarishvara – O Divino Hermafrodita – O
Princípio Universal. Representado como homem do lado direito e mulher do lado
esquerdo. O poder de conceber e o poder de realizar, quando estão reunidos se
manifestam no limite entre o manifesto e o não manifesto, esse ponto se chama
“bindu”, é o ponto de partida do espaço tempo. É desse ponto que surge “nada” o
som sagrado que é a substância do universo. Interessante salientar que o espaço
é o princípio feminino e o tempo é o masculino. A divindade é feminina e
masculina. O deus no seu aspecto andrógino simboliza a superação dos opostos.
Sthanu- O Pilar de Sustentação – Nesse aspecto o
deus é representado como a coluna mestra do templo e sua energia é a coluna
mestra que sustenta o caráter dos homens e mulheres que o adoram.
Mahadeva – O Grande Deus – Nesse aspecto ele
engloba Girisha, O Senhor da Montanha, é Bhava, o rei, Sharva, o arqueiro,
Shambhu o benévolo, Shankara, o todo auspicioso, e todos os outros sob os quais
se expressa.
Iogeshwara – Mahaiogue - nesse aspecto Shiva
ensina aos seres do mundo a religação, o ioga, o caminho do
autoconhecimento, da autorrealização e da comunicação sutil com diferentes
níveis de realidade.
Gajasura-Murti – O Protetor dos Rituais – Nesse
aspecto Shiva é retratado com um pé sobre uma cabeça de elefante e uma perna
erguida. Tem seis braços. Do lado esquerdo carrega o tambor Damaru e uma
flor de lótus no superior esquerdo a mão espalmada voltada para o lado de fora.
Nos braço superior direito um pequeno machado e nos dois inferiores um “pasha”
um laço e uma chama acesa. Protege os rituais oferecidos ao Lingan.
Bhairava – O Terrível – É representado de pé
acompanhado de um cão. Tem os cabelos eriçados e em chamas. Tem quatro
braços nos dois do lado esquerdo carrega uma naja e um tridente nos da direita
o “pash”, o laço e uma cuia. Esse aspecto é reverenciado por marginais e pelos
intocáveis.
Sadashiwa – O Eterno – També é conhecido como
Panchanana, o que tem cinco faces. É retratado com cinco faces e dez braços.
Nesse aspecto ele representa a criação, a preservação, destruição o mistério e
a redenção.
NO PRÓXIMO BLOCO, TEREMOS OS DEUSES VÉDICOS. PREPAREM-SE, POIS ESTÁ MUITO BACANA.