terça-feira, 6 de setembro de 2016

MITOLOGIA HINDU - PARTE III



OS DEUSES
  
BRAHMA

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Brahma, a energia criadora do Inominável. É o deus todo impregnado da Divina Essência de onde tudo flui e para onde tudo retorna. Essa essência, embora seja invisível, está presente em todas as coisas. Depois de algum tempo, várias lendas surgiram sobre o nascimento de Brahma como um deus personificado. A mais conhecida delas narra que Brahma, enquanto energia sem forma, criou as águas e nela deixou cair um ovo de ouro, chamado Hiranyagarba. Esse ovo de ouro continha a potencialidade de todas as formas da matéria diferenciada e é a origem da vida e da natureza, e de tudo que existe. A cosmologia hinduísta se baseia no chamado "Dias de Vida de Brahma".  Quando ele desperta de seu sono cósmico e abre os olhos, o universo é criado. A noite de Brahma é a retração do universo. Um dia de Brahma é chamado Kalpa e dura 4.320.000 anos solares. Um ano cósmico equivale a 360 desse dias e dessas noites. A vida completa de Brahma atinge 100 desses anos...

A representação de Brahma é um homem com quatro rostos dos quais são visíveis apenas três já que a outra face está na parte posterior da cabeça. Os rostos representam os 4 quadrantes do universo. Também tem quatro braços e quatro mãos. Na mão direita carrega um recipiente com água, simbolizando a água da vida, na mão direita superior traz um livro que simboliza o conhecimento, os Vedas, Na mão esquerda superior segura uma flor de lótus, símbolo da pureza espiritual, e a mão esquerda inferior abençoa ou traz um “japamala” (um tipo de terço) que simboliza o tempo. É apresentado montado no seu veículo animal, o ganso ou o cisne, que são símbolos do discernimento. Algumas vezes é mostrado dirigindo uma carruagem puxada por 7 gansos que representam os sete mundos. O caráter abstrato do deus Brahma não foi assimilado pela maioria da população e o seu culto por isso se diluiu no tempo, restando muito poucos templos dedicados a ele.










VISHNU

 

Uma das escrituras sagradas do hinduísmo, o Padma Purana diz que o Ser Supremo desejou manifestar-se e criar o universo e os mundos. Para tal em primeiro lugar, criou a si mesmo, na forma de Brahma, a partir do seu lado esquerdo. A seguir criou Vishnu de seu lado direito. Como havia criado, sentiu a necessidade de preservar sua criação, e para a evolução de Sua obra,  do centro do seu corpo fez brotar Shiwa, o poder responsável pela transformação e renovação constante de tudo que existe.
Sua vontade de preservar a criação se manifestou com Vishnu Narayana. O deus Vishnu Narayana surgiu deitado nos anéis do corpo da serpente Sesha e sonha, e assim preserva a existência navegando pelo oceano cósmico. O sonho de Vishnu é toda a criação; enquanto sonha, do seu umbigo surge o caule de uma flor de lótus, Quando a flor se abre, Brahma senta-se no centro dela para viver seu “kalpa”, o Dia de Brahma. Após esse período, termina o sonho de Vishnu, a flor de lótus se fecha e o universo se dissolve no vazio. A flor desaparece para aparecer no próximo sonho de Vishnu e assim sucessivamente.
Vishnu é representado com pele azul escuro. Possui quatro braços e mãos. Veste-se com uma calça de seda da cor amarelo ouro e traz o dorso nu adornado por jóias. Na cabeça carrega uma coroa ricamente cravejada de pedras preciosas. Carrega em suas mãos uma borduna de ouro, o chakra (roda), um grande búzio e uma flor de lótus. A borduna simboliza a luta pela vida, o chakra a energia que tudo permeia e movimenta, o búzio, representa o som primordial que gera as formas da natureza, e a flor de lótus representa a espiritualidade. No plano superior Vaikunta é a morada, o domínio particular de Vishnu. Como o Senhor de Vaikunta ele é chamado Vaikuntanatta, e é representado com quatro cabeças e oito braços, e simboliza a integração das polaridades, a inteireza. Os avatares são aspectos do deus Vishnu. Esses seres são raios divinos que assumem forma humana e são considerados encarnações terrenas de Vishnu. Muitos templos são dedicados a Vishnu e estão espalhados por toda a Índia.

Comentário – No hinduísmo temos deuses védicos e deuses purânicos. Os deuses védicos trazidos pelos arianos se mesclaram aos deuses preexistentes e às crenças do povo local. Os Puranas são narrativas descritas e condensadas sobre o nascimento, o complemento feminino, ou seja, a deusa shakti do deus, as funções e grandes aventuras e feitos épicos dos diversos deuses e heróis. Alguns deuses védicos foram incluídos nos Puranas, outros se fundiram em um único deus com atributos mais amplos. Vishnu é um exemplo disso. Nos Vedas ele não é um deus importante, porém durante o período épico ele foi identificado com Krishna, o herói máximo do hinduísmo, considerado um deus vivo, e isso redimensionou sua importância.




SHIVA

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Shiva significa o bondoso e todo auspicioso. Nas ruínas de Mohenjo-Dharo e Harapa cidades localizadas no vale do rio Indo foram encontradas imagens de 3000 anos  representativas  daquele que veio a ser Shiva, o Senhor dos Três Mundos. Nas esculturas e relevos encontrados ele tem três cabeças, está sentado na posição de iogue, e tem ao seu redor vários animais. Durante mais de 30 anos Shiva vem sendo adorado e várias narrativas purânicas o enaltecem sob diferentes aspectos. Esse deus provavelmente é o precursor de Shiva. 
Os arianos védicos não têm Shiva em seu panteão de deuses, mas Rudra, um deus védico foi assimilado no hinduísmo moderno como um aspecto violento de Shiva. O deus enquanto Rudra é o Senhor das Tempestades, do desencadeamento incontrolável das forças naturais, e é temido pelos outros deuses e visto como o aspecto irado de Shiva. O deus apresenta um aspecto benevolente e um aspecto violento. No Ramayana e no Mahabharata, duas epopéias sagradas do hinduísmo, o deus é o todo poderoso Senhor dos Himalayas e Pashupathi o Senhor da Natureza que tem nas mãos o Trishula, a arma mais poderosa do mundo. Essa arma é um tridente que representa os três mundos, físico, astral e causal assim como os três gunas, qualidades inerentes a tudo que existe: Tamas, inércia, Rajas movimento, Satwa, essência pura. 
O símbolo de Shiva é o Linga, ou Lingam, que significa falo. O portador do mistério do principio criador que dá vida a novos seres e que contém potencialmente toda a herança divina e a memória genética das espécies. No Shiva Purana, Vidyeshvara Samhita, está escrito: “Shiva disse: Não sou diferente do falo. O falo é idêntico a mim. Ele aproxima de mim os fiéis, portanto é preciso venerá-lo. Meus bem amados! Onde há um linga, estou presente.”
A união de Shiva-Shakti é representada pelo Linga depositado na “argüia”, o seu receptáculo. A união do Lingan e da Ione é a integração das polaridades masculina e  feminina, o universo e a natureza em eterna conjunção amorosa. Segundo as escrituras sagradas existem lingans exteriores e interiores e imateriais, não perceptíveis, porém reconhecíveis por aqueles que atingiram o conhecimento superior. As vezes o lingan é representado como um obelisco, um pilar erguido no pátio dos templos dedicados ao deus. Shiva é adorado por milhões de devotos em inúmeros templos espalhados por todo o território indiano.



ASPECTOS DE SHIVA

Nataraja (O Senhor da Dança) – Como Nataraja o deus executa sua dança cósmica denominada Tandava e assim destrói e recria universos e mundos. Trás em uma das mãos o tambor Damaru que tem a força de uma ampulheta, simbolizando a criação do espaço tempo, e quando o deus bate o tambor o OM ressoa em todos os quadrantes do universo criado. Na mão superior do lado direito ele carrega o fogo da transformação e transmutação e a mão do braço inferior aponta para o joelho erguido enquanto ele se equilibra num pé só e dança. Ele reprenta a possibilidade do êxtase da superação dos limites do intelecto, para o contato com o divino para receber mensagens de sabedoria. Como Lalatatilakam, ele tem oito ou dezesseis braços. E tem um dos pés sobre o anão Apasmar, que simpboliza o eu inferior, enquanto o outro se ergue no alto.

Pashupati – O Senhor dos Animais – O rebanho de Shiva-Rudra compreende todos os seres vivos, inclusive a humanidade. Entre animais deuses e humanos a diferença está nos papéis que representam e no nível de consciência. Como Pashupati, Shiva vela pela natureza, pelos animais e pelos homens. Para tem criou os gênios das florestas, os gnomos, as sílfides, sátiros, ninfas e devas (anjos). Pashupati chefia esses gênios e se manifesta através deles no mundo natural. O deus tem como função ensinar aos homens qual o seu verdadeiro lugar e qual o seu papel na natureza. Ele ensina que os seres humanos são mais um dentre os elementos de uma totalidade, e que essa totalidade é a obra de Deus.

Ardhanarishvara – O Divino Hermafrodita – O Princípio Universal. Representado como homem do lado direito e mulher do lado esquerdo. O poder de conceber e o poder de realizar, quando estão reunidos se manifestam no limite entre o manifesto e o não manifesto, esse ponto se chama “bindu”, é o ponto de partida do espaço tempo. É desse ponto que surge “nada” o som sagrado que é a substância do universo. Interessante salientar que o espaço é o princípio feminino e o tempo é o masculino. A divindade é feminina e masculina. O deus no seu aspecto andrógino simboliza a superação dos opostos.

Sthanu- O Pilar de Sustentação – Nesse aspecto o deus é representado como a coluna mestra do templo e sua energia é a coluna mestra que sustenta o caráter dos homens e mulheres que o adoram.

Mahadeva – O Grande Deus – Nesse aspecto ele engloba Girisha, O Senhor da Montanha, é Bhava, o rei, Sharva, o arqueiro, Shambhu o benévolo, Shankara, o todo auspicioso, e todos os outros sob os quais se expressa.

Iogeshwara – Mahaiogue -  nesse aspecto Shiva ensina aos seres do mundo a religação,  o ioga, o caminho do autoconhecimento, da autorrealização e da comunicação sutil com diferentes níveis de realidade.

Gajasura-Murti – O Protetor dos Rituais – Nesse aspecto Shiva é retratado com um pé sobre uma cabeça de elefante e uma perna erguida. Tem seis braços. Do lado esquerdo carrega o tambor Damaru e uma flor de lótus no superior esquerdo a mão espalmada voltada para o lado de fora. Nos braço superior direito um pequeno machado e nos dois inferiores um “pasha” um laço e uma chama acesa. Protege os rituais oferecidos ao Lingan.

Bhairava – O Terrível – É representado de pé acompanhado de um cão. Tem os cabelos eriçados e em chamas.  Tem quatro braços nos dois do lado esquerdo carrega uma naja e um tridente nos da direita o “pash”, o laço e uma cuia. Esse aspecto é reverenciado por marginais e pelos intocáveis.

Sadashiwa – O Eterno – També é conhecido como Panchanana, o que tem cinco faces. É retratado com cinco faces e dez braços. Nesse aspecto ele representa a criação, a preservação, destruição o mistério e a redenção.

NO PRÓXIMO BLOCO, TEREMOS OS DEUSES VÉDICOS. PREPAREM-SE, POIS ESTÁ MUITO BACANA.


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